Há décadas que superamos a discussão sobre o que é mesmo ser inteligente, certo? Bendito Howard Gardner, que, influenciado por Jean Piaget em 1983, liderou estudos que apresentaram ao mundo a teoria das Múltiplas Inteligências, questionando aquela visão predominante de que a inteligência estava centrada em habilidades linguísticas e lógico-matemáticas! Para ele, a inteligência consiste na habilidade de resolver problemas ou criar soluções significativas nos meios onde vivemos, trabalhamos, atuamos.
Afinal – e digo isso tendo como referência pessoas da minha faixa etária – , na nossa infância: quantas vezes nós não invejamos aqueles colegas de classe que tiravam notas altas em disciplinas “exatas” e que muito por isso eram considerados os “crânios” da turma? Ainda hoje quase que eu me ressinto de nunca ter ganhado nenhum reconhecimento (nem um mísero diplominha!) por ser relacionável, carismática e bem humorada, a despeito de tantas dificuldades que enfrentava em tenra idade…
Ao questionar se o teste de QI seria suficiente para medir a inteligência das pessoas, Gardner ampliou nossas visões sobre a riqueza das nossas individualidades e da importância de se considerar que nenhum de nós é inferior ao outro, que temos um conjunto de faculdades mentais que são relativas e isso é o que nos faz tão preciosos e… inteligentes!!!
Da década de 80 pra cá, o mundo se tornou quase outro e é possível dizer que sim, as habilidades linguísticas e lógico-matemáticas são importantes para a concretização de muitas soluções em nossas vidas, entretanto, jamais sem estarem conectadas àquelas outras inteligências identificadas por Gardner.
Nesse mundo complexo, ambíguo e ambidestro o conceito de competência exige-nos unir racionalidade e emoção, hard e soft skills. Ainda que as Múltiplas Inteligências sejam conceitos teóricos e que as competências do século 21 possam variar de acordo com a cultura, a economia e as demandas locais, penso ser relevante conectar a teoria das múltiplas inteligências com essas competências. Veja se pra você, leitor, faz sentido:
Reconhecer e desenvolver uma variedade de habilidades e inteligências pode ajudar as pessoas a se adaptarem melhor a um mundo em constante mudança e a enfrentar os desafios desse século de forma mais eficaz.
Se estivermos atentos a essas conexões podemos expandir nossa capacidade de oferecer atendimentos e entregas de alta qualidade, na medida em que adaptamos abordagens, comunicamos de maneira eficaz e compreendemos melhor as necessidades e emoções de clientes, parceiros e gestores. E como podemos nos beneficiar disso?
- Construindo conexões empáticas: A inteligência interpessoal é fundamental para construir relacionamentos mais empáticos em nossas interfaces, ajudando a criar um ambiente mais acolhedor e confiável.
- Adaptando-se ao Estilo de Aprendizado do Cliente: Reconhecer que as pessoas têm diferentes estilos de aprendizado é importante em áreas como educação e treinamento e até na gestão de pessoas. Podemos usar a inteligência interpessoal e a inteligência intrapessoal para avaliar como clientes ou alunos aprendem melhor e adaptar as abordagens de ensino ou tratamento de acordo com cada perfil.
- Praticando Comunicação de forma eficaz: A inteligência linguística desempenha um papel vital na comunicação. Profissionais que possuem essa inteligência desenvolvida podem se expressar de maneira clara e persuasiva, garantindo que as informações sejam compreendidas e retidas pelos clientes.
- Resolvendo Problemas complexos: A inteligência lógico-matemática é valiosa para a identificação e solução de problemas. Profissionais podem usar essa inteligência para analisar situações específicas enfrentadas por seus clientes e desenvolver soluções personalizadas que atendam às necessidades individuais.
- Estimulando um ambiente de Criatividade e Inovação: As inteligências musical, espacial e naturalista podem desempenhar um papel importante na criatividade e inovação. Podemos explorá-las para desenvolver abordagens inovadoras para os desafios que enfrentamos em nossas rotinas de trabalho, por exemplo.
- Ampliando Autoconhecimento e estimulando o Desenvolvimento Profissional : já dissemos aqui que a inteligência intrapessoal envolve o autoconhecimento. Podemos usá-la para refletir sobre nossas próprias forças e fraquezas, buscando o desenvolvimento pessoal contínuo e a melhoria de nossas habilidades de atendimento.
- Trabalho em Equipe e Colaboração: A inteligência interpessoal também é essencial para o trabalho em equipe. Profissionais que entendem e valorizam as diferentes habilidades e pontos fortes de seus colegas podem colaborar de maneira mais eficaz para oferecer um atendimento de alta qualidade.
- Sensibilidade Cultural e Social: Reconhecer a diversidade cultural e social é importante em muitos campos. A inteligência interpessoal e a inteligência cultural podem ajudar os profissionais a serem mais sensíveis às diferenças culturais e a adaptar suas abordagens.
Em um mundo que evolui constantemente, a teoria das Múltiplas Inteligências continua a ser uma visão fundamentalmente relevante. Isso se traduz em construir relacionamentos empáticos, adaptar-se aos estilos de aprendizado dos clientes, praticar a comunicação eficaz, resolver problemas complexos, estimular a criatividade e a inovação, promover o autoconhecimento e o desenvolvimento profissional, colaborar em equipe e ser sensível à diversidade cultural e social.
Assim, ao abraçar a diversidade de inteligências, capacitamos a nós mesmos e aos outros a enfrentar os desafios do século 21 de maneira mais holística e eficaz. É hora de celebrar e cultivar as múltiplas facetas da inteligência que tornam cada um de nós tão preciosos e, de fato, tão inteligentes.